Críticas Games

Crítica: Resident Evil Village

A clássica franquia de jogos de horror, Resident Evil, tinha se perdido numa crescente mudança que, ao avançar para um estilo de gameplay mais associado à ação, acabava por despertar um certo amargor nos fãs de longa data. Então, quando em janeiro de 2017 a Capcom pública Resident Evil 7, um jogo que retorna e atualiza os moldes clássicos do survival, acaba por despertar como nunca a atenção dos gamers.

Assim, o anúncio de uma continuação era inevitável. Village lançado recentemente trás novas perspectivas, ainda mais interessantes, para o novo estilo que a desenvolvedora decidiu dar aos seus jogos. A história parte diretamente de seu antecessor, continuamos a acompanhar Ethan Winters que, após os eventos do jogo anterior, se muda para Europa na intenção de viver uma vida comum com sua esposa Mia e sua filha, recém nascida, Rosemary.

Contudo a calmaria não é constante e nos primeiros minutos de jogo Ethan acaba sendo puxado de volta para dentro do universo macabro que engloba esse grupo de armas biológicas. O sequestro de sua filha faz com que o herói tenha que se envolver com um clube (quase um coven) de monstruosidades aterrorizantes. A vila título remonta um ambiente medieval, com aspirações a bruxaria e lendas populares dos países europeus.

A estética do jogo alude claramente ao Resident Evil 4, um jogo querido pelos fãs e talvez aquele que melhor soube conciliar os elementos de ação, terror, horror e sobrevivência. Não por coincidência, essa identificação consegue fazer com que Village se aproxime bastante dessa proposta que mescla vários elementos e referências diferentes, na intenção de mudar constantemente a dinâmica de gameplay.

Ao longo das, aproximadas, nove horas de jogatina é possível ver diversos estilos diferentes: uma abordagem mais clássica, no castelo Dimitrescu, consegue até mesmo evocar aquele charme dos primeiros jogos da franquia; um terror psicológico recheado de enigmas no pequeno casebre da Donna Beneviento; uma abordagem que mergulha de cabeça no horror nojento quando enfrentamos o repugnante Salvatore Moreau; uma ação frenética contra os lobisomens de Heisenberg; ou mesmo uma abordagem que avança para o trash quando adentramos a sua fábrica.

O jogo tem folego suficiente para agradar vários tipos de espectadores. Consegue buscar inspirações em diversos lugares da cultura pop e, até mesmo, dentro da própria franquia. Traça a narrativa de forma objetiva sem se perder em momentos chatos de expositividade exagerada. Por outro lado, vale dizer que a obra não consegue trabalhar muito bem os mistérios no subtexto e acaba tornando o plot twist em algo razoavelmente previsível.

No fim, Resident Evil Village é um ótimo jogo, com uma história interessante e com uma lógica de gameplay inquietante. Sempre que possível é imposto ao jogador uma nova proposta de forma criativa, sem que pareça exagero ou desconexo. As mudanças estão presentes no universo do jogo e este universo é rico e aterrorizantemente, na medida do bizarro, é divertido.

Nota
Facebook Comments Box