The Mick: Uma comédia ridiculamente engraçada e politicamente incorreta

Nos últimos anos muito se fala das séries de comédia de humor inteligente, que tem que fazer você pensar e refletir, como as ótimas Fleabag e Atlanta. Entretanto, o que aconteceu com aquele humor menos refinado, mas que, quando bem feito, pode render boas gargalhadas e divertir o telespectador de forma rídicula? Bom, é aí que entra uma série como The Mick.

Lançada em 2017 pela Fox, The Mick é produzida por dois roteiristas de It’s Always Sunny in Philadelphia e ainda conta com Kaitlin Olson como protagonista, que também é uma das estrelas da outra série. Com essa referência, já se podia esperar que a série não teria um humor tão padronizado de sitcom tradicional, uma vez que It’s Always Sunny in Philadelphia é conhecida justamente pelo seu humor negro.

Na série, a história gira em torno de Mackenzie “Mickey” Murphy, que é uma mulher de meia idade e que vive quase que na margem na sociedade, sem responsabilidades, emprego e expectativas para o futuro. Contudo, as coisas mudam quando sua irmã e cunhado, que são super ricos, são presos pelo FBI após descobrirem um esquema crimonoso deles e Mick acaba tendo que cuidar de seus 3 sobrinhos na mansão que eles vivem por um tempo indefinido. Obviamente ela faz isso de bom grado inicialmente, uma vez que agora viverá numa mansão que possui até empregada e comerá de graça, mas em contrapartida terá que tomar conta da rebelde Sabrina (Sofia Black-D’Elia), o pré-adolescente mauricinho Chip (Thomas Barbusca) e o caçula fofo sem noção Ben (Jack Stanton).

O plot da história é esse mesmo, digno de um filme de comédia da Sessão da Tarde e que provavelmente já foi usado em algum outro filme de comédia que eu não lembro o nome, e tá tudo bem. Como dito antes, The Mick vem para ser uma série de comédia à moda antiga, mostrando uma família disfuncional e com um humor rídiculo, que aposta muitas vezes na comédia por meio de cenas “físicas” e exageradas. O tempo todo da série vemos personagens ficando coberto de grande quantidade de sangue que deixariam Tarantino orgulhoso e a personagem da Mick é atropelada no mínimo umas 3 vezes na primeira temporada.

“The Mick é uma espécie de Modern Family de chernobyl“

Essa junção de família disfuncional rica e humor exagerado talvez faça com que a melhor resumo que possa ser dado é que The Mick é uma espécie de Modern Family de chernobyl. Isso pelo fato que o humor aqui, como mencionado antes, é menos elegante e mais politicamente incorreta do que no mockumentary estrelado pela Sofia Vergara. A protagonista Mick não foi criada em berço de ouro como os seus sobrinhos e é uma total irresponsável, então seus ensinamentos e modo de cuidar não são nada recomendáveis, a menos você ache normal tentar seduzir o namorado de sua sobrinha, dar bebida para uma menor de idade ou fingir que uma criança de 6 anos é transgênero apenas para frequentar a escola mais próxima de casa que só aceita meninas.

Sobre o elenco, é díficil imaginar outra atriz que daria tão certo para esse tipo de comédia do que a Kaitlin Olson, que tem um ótimo timing para esse tipo de humor. Os demais entregam atuação competentes, mas creio que nenhum mereça um destaque especial, a não ser a Alba (Carla Jimenez), que era a empregada da casa da mãe das crianças e que vira a melhor amiga de Mick após sua chegada, proporcionando ótimos momentos dessa amizade totalmente improvável.

Enfim, se você não está procurando um série de comédia com humor sofisticado e inteligente, mas sim algo com humor rídiculo e politicamente incorreto, então The Mick pode ser a opção certa para você divertir. Infelizmente nos EUA a série era lançada na TV pela Fox e acabou tendo apenas 2 temporadas, então cuidado para não gostar demais.

The Mick está disponível no Star+ no Brasil.